A tendinite calcárea (ou calcária) é um depósito de cálcio no interior de um dos tendões do manguito rotador, sendo o tendão do músculo supraespinal o mais acometido. A causa desse depósito ainda não é conhecida pela ciência, mas sabe-se que existe relação com a vascularização do tendão, pois essas calcificações ocorrem em uma área menos vascularizada chamada zona crítica. Essa patologia é mais frequente em mulheres principalmente após a 4a década de vida. Traumas ou quaisquer outras lesões prévias do ombro não aumentam a chance de desenvolver a tendinite calcária.
Quais os sintomas da tendinite calcária?
Esses depósitos de cálcio se formam lentamente ao longo de meses ou anos e podem, nessa fase, causar sintomas leves como um desconforto na região ombro ou mesmo nenhum sintoma. Essa fase da doença é conhecida como fase de formação e raramente o paciente procura por ajuda médica nessa fase.
Ao término da fase de formação o cálcio se organiza e tem a aparência de osso ou um giz ao RX. Essa fase é conhecida como fase de repouso, que na grande maioria dos indivíduos não gera sintomas. O paciente pode permanecer nessa fase indefinidamente ou evoluir para um terceira fase.
A terceira fase da doença é a mais sintomática. Ela é caracterizada por dores de início súbito de forte intensidade. Nessa fase o organismo inicia a reabsorção do cálcio causando um exuberante processo inflamatório local que gera os sintomas dolorosos. É geralmente nessa fase que os paciente procuram socorro médico e é realizado o diagnóstico. Nessa fase o depósito de cálcio tem um aspecto de "nuvem" ao RX.
Como é feito o diagnóstico da tendinite calcária?
O diagnóstico parte inicialmente da suspeita clínica. Um RX simples é suficiente para o diagnóstico porém deve ser realizado em diferentes posições para que o diagnóstico seja mais preciso. Em alguns casos pode ser necessário uma Ressonância Magnética para afastar outras lesões associadas.
Como é o tratamento da tendinite calcária?
Na maioria dos casos após a fase de reabsorção o cálcio é eliminado e os sintomas desaparecem. Entretanto em alguns casos essa reabsorção pode não ser completa ou os depósitos podem ser muito grandes gerando sintomas persistentes.
O tratamento inicial consiste no uso de medicações para controle dos sintomas assim como a fisioterapia. O uso de corticóides na fase de reabsorção é controverso. Por um lado diminui os sintomas dolorosos, por outro pode interromper o processo de reabsorção.
Nos casos refratários ao tratamento conservador estão indicados tratamentos mais invasivos.
Existem algumas opções:
Barbotagem: É uma técnica que realiza uma lavagem com uso de agulhas, retirando assim o depósito de cálcio.
Artroscopia: É retirado o depósito de cálcio do tendão com o uso de instrumentais de artroscopia. É importante frisar que o cálcio não é sólido como um cálculo e sim amolecido, semelhante a pasta de dente. Eventualmente o tendão pode estar comprometido também. Nesses casos é necessário além da retirada do cálcio o reparo do tendão, o que torna a reabilitação mais longa.
Ondas de choque: Consiste no uso de ondas acústicas (parecido com o tratamento para litíase renal) para estimular a reabsorção dos depósitos de cálcio. É um tratamento novo, ainda em estudo, porém tem se demonstrado promissor para casos selecionados. É importante frisar que a terapia por ondas de choque é um procedimento com riscos e contra-indicações e deve sempre ser realizado por médicos e com indicação médica.
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