A luxação acromioclavicular ou LAC é definida pela perda da congruência entre a porção distal da clavícula e o acrômio. Essa lesão geralmente ocorre devido a traumas na região do ombro como quedas sobre o ombro ou traumas diretos, frequentes em esportes como judô ou rugby. Embora a articulação acromioclavicular tenha pouca movimentação, ela é importante no ponto de vista de sustentação da cintura escapular por ser a única ligação entre o tronco e o ombro.
A estabilidade dessa articulação é mantida através de dois conjuntos de ligamentos que conectam a escápula e a clavícula. Um deles liga o acrômio a clavícula, chamado ligamento acromioclavicular, mais fraco e outros dois que ligam o processo coracóide a clavicula, ligamentos trapezóide e conóide, mais resistentes. A gravidade da lesão tem relação direta com os ligamentos lesados no trauma.
Quais os sintomas da LAC?
O principal sintoma é a dor e eventualmente o inchaço sobre a região distal da clavícula. Em casos mais graves o desvio da clavícula é muito evidente e a mesma está mais proeminente se comparado com o lado contralateral.
Como é feito o diagnóstico da LAC?
O diagnóstico é suspeito pela clínica do paciente e pelo mecanismo de trauma e confirmado através de radiografias do ombro, comparado-se com lado sadio. A lesão pode ser classificada observando o desvio da clavícula afetada em relação ao lado não afetado. Quanto maior a diferença entre os lados, maior a gravidade da lesão:
Tipo 1: Sem desvio - estiramento ligamentar sem lesão
Tipo 2: Desvio de até 25%
Tipo 3: Desvio de 25-100%
Tipo 4: Desvio posterior
Tipo 5: Desvio maior que 100%
Tipo 6: Desvio inferior
Como é o tratamento da LAC?
Em casos menos graves (Tipos 1 e 2) o tratamento é conservador, realizado com tipóia e iniciada a reabilitação assim que os sintomas dolorosos diminuem. Por apresentarem menor desvio, geram uma deformidade pouco evidente e dificilmente geram sintomas crônicos.
O tratamento da lesão do tipo 3 é controverso. Sabe-se que a maior parte dos casos evoluem de forma satisfatória a longo prazo com o tratamento conservador, porém é necessário um exame cuidadoso para avaliar a estabilidade da clavícula. O tratamento nesses casos envolve uma imobilização mais prolongada e geralmente cursam com deformidade residual.
Já os tipos 4, 5 e 6 são lesões graves e necessitam de tratamento cirúrgico.
Como é o tratamento cirúrgico da LAC?
O objetivo do tratamento cirúrgico é restabelecer o alinhamento entre a clavícula e o acrômio, para isso exitem diversas técnicas. Nas lesões agudas (com menos de 3 semanas) técnicas de fixação isolada da clavícula são suficientes pois permitem a cicatrização dos ligamentos da posição correta. Essa fixação pode ser feita por amarrilhos com fios de alta resistência presos ao processo coracóide, âncoras ou através de endobuttons pela técnica artroscópica ou minimamente invasiva.
Nos casos crônicos (aqueles com mais de 3 semanas do trauma) é necessário o uso de enxertos, que podem ser retirados da perna, braço ou utilizado um ligamento do próprio ombro, além das técnicas de fixação da clavícula.
Caso não tratada corretamente, a LAC, pode gerar uma alteração na dinâmica da escápula causando, consequentemente, dores na região do ombro e clavícula.