A clavícula é uma estrutura importante para a dinâmica do ombro pois, como ja comentado em outro post, é a única ligação entre o esqueleto axial (tronco) e o ombro. As fraturas da clavícula correspondem a 3% de todas as fraturas do corpo humano, e acometem preferencialmente indivíduos jovens do sexo masculino devido a traumas esportivos ou automobilísticos, porém acometem também idosas em traumas banais.como quedas da própria altura.
Sabe-se que a grande maioria da fraturas acometem o terço médio da clavícula (85%). Uma parte menor acomete o terço distal, próximo a articulação acromioclavicular. Já fraturas do terço proximal são raras.
As fraturas da clavícula são causadas geralmente por quedas sobre o ombro ou traumas diretos sobre a clavícula. A fratura causa dor e perda funcional do membro acometido, juntamente com edema local e eventual escoriação sobre o local do trauma. Nas fraturas mais desviadas é possível observar a deformidade na região do ombro.
O diagnóstico da fratura de clavícula geralmente é simples e bastante presuntivo ao exame físico. Com RX simples é possível diagnosticar e avaliar o desvio e encurtamento da fratura. Em alguns casos é necessário incidências adicionais para melhor estudo da fratura. Além dos sintomas dolorosos, é necessário a avaliação da parte neurológica e vascular pois diversas estruturas atravessam próximas a clavícula, como vasos e nervos.
O tratamento das fraturas da clavícula varia de acordo com a sua posição. Fraturas da extremidade distal geralmente são instáveis e podem apresentar lesão ligamentar associada. Por isso geralmente necessitam de tratamento cirúrgico. Fraturas do terço proximal raramente apresentam algum desvio e são majoritariamente tratadas de forma conservadora. Já as fraturas do terço médio são mais controversas.
Acreditava-se, no passado, que as fraturas do terço médio da clavícula, com raras exceções, apresentavam boa evolução com o tratamento conservador, porém diversos estudos demonstraram que fraturas desviadas ou encurtadas apresentam uma evolução clínica desfavorável em ralação a dor e dinâmica da cintura escapular e cursam eventualmente com pseudoartrose, ou seja, não consolidam. Isso não quer dizer que todas as fraturas do terço médio necessitam de tratamento cirúrgico, pois fraturas com pouco desvio e principalmente, com pouco encurtamento tem ótimo prognóstico com tratamento conservador.
Como é feito o tratamento conservador?
O tratamento conservador é realizado com o uso de tipóia ou uma imobilização em "8". O princípio do tratamento conservador é neutralizar as forças deformantes que agem na fratura. Geralmente o imobilizador é utilizado de 4 a 6 semanas e a reabilitação fisioterápica é iniciada assim que a fratura encontra-se estável e os sintomas dolorosos diminuem.
Como é o tratamento cirúrgico das fraturas de clavícula?
O tratamento cirúrgico das fraturas da clavícula consiste na redução, ou seja, reposicionamento da fratura e fixação da mesma com material de síntese. Para essa estabilização geralmente são utilizados placas e parafusos. Mesmo após o tratamento cirúrgico é necessário o uso da tipóia, porém por tempo menor que no tratamento conservador. Da mesma forma a reabilitação é iniciada mais prococemente.